Benitez José de La Cruz Benitez Santa Cruz |
Benitez e a inigualável invencibilidade (matéria reproduzida da Revista do Inter nº 31)
O herdeiro de Manga conta como um time conseguiu o sensacional título de Campeão Brasileiro Invicto
Por Luiz Felipe Mello
Da década de 50 pulamos 20 anos no tempo. Do Rolo Compressor nos Eucaliptos chegamos à era Beira-Rio com o prenúncio de que uma época mágica estava por vir. O Sport Club Internacional cria nos seus domínios uma geração de feras que conquista o Brasil em 75 e 76. Ainda faltava a consolidação dessa hegemonia em escarlate. E ela veio através de um feito jamais igualado até hoje. O tricampeonato invicto. Muitos lembram de Manga, mas o goleiro daquele esquadrão imbatível era Benitez.
José de La Cruz Benitez Santa Cruz, nascido em Assuncion no Paraguai em 3 de maio de 1952, começou sua carreira na categorias de base do Olímpia. A promoção ao time principal da equipe paraguaia veio em 1971. Seis anos depois transferiu-se para o Internacional em 1977, após defender o Paraguai em uma partida contra a Seleção Brasileira pelas Elimatórias para a Copa do Mundo de 1978. Tão logo Benitez tinha chegado no Clube, o goleiro já deparava-se com um grande desafio pela frente. Manga, com seus dois títulos brasileiros era titular absoluto da posição. “Foi algo muito dificil para mim, porque Manga era meu amigo e meu ídolo. Nunca pensei que isso pudesse acontecer. E ele era um monstro debaixo das traves”, recorda. Talvez aquele não fosse o momento de Benitez. O paraguaio precisou ser emprestado ao Palmeiras em 78 para um ano depois fazer um retorno glorioso.
No campo o que se via era o Internacional impiedoso com seus adversários. Benitez considera que só vislumbrou a possibilidade do tricampeonato com a vitória inesquecível sobre o Palmeiras. “Nós conquistamos resultados positivos contra adversários díficeis e principalmente fora de casa. Contudo, aquela partida frente ao Palmeiras no Morumbi, onde vencemos por 3x2 e de virada, acredito que tenha nos dado o campeonato. Com todo respeito ao Vasco, mas depois disso nós não perdíamos em casa. E para min, o time paulista tinha mais qualidade do que os cariocas”, conta. E assim o destino se cumpriu. Ênio Andrade mandou a campo contra o Vasco: Benítez; João Carlos, Mauro Pastor, Mauro Galvão, Cláudio Mineiro; Batista, Falcão, Jair;Valdomiro, Bira e Mário Sérgio. O dia era 23 de dezembro de 1979 e o resultado foi Internacional campeão brasileiro invicto.
Benitez guarda com recordação fotos e faixas da época gloriosa com o Internacional. O grande goleiro trabalha no São José, no departamento das categorias de Base. O ex-craque do Inter acredita nas potencialidades do Internacional. Para ele, D’Alessandro tem muito a dar ao Clube e vê na garra de Guiñazu a força central do Colorado.
Recortes de uma conquista:
“Uma coisa que sempre vou me lembrar é como o Ênio Andrade, com toda sua sabedoria e conhecimento sobre futebol, não perdia a humildade. Ele chamava dois, três jogadores para conversar sobre futebol na sua sala. A idéia era conversar sobre o que a equipe precisava. Aquilo nos deu muita confiança dentro de campo.”
“O Balvê era fantástico. Tinha uma mentalidade muito forte. De repente nós estávamos em uma reunião no hotel ou no Clube para definir o bicho e ele nos dizia cada xingamento, daquele jeito dele. Nós pedíamos 10 mil e ele respondia que era muito dinheiro. Então no momento do jogo, ainda no vestiário, ele chegava para nós e afirmava que não ia pagar dez, e sim 20 mil. Uma metodologia dele. Característica de vencedor.”
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